O brutal assassinato de três mulheres na Praia dos Milionários, em Ilhéus, ainda está longe de uma explicação convincente, mesmo após a prisão de um autor confesso. As vítimas — Alexsandra Oliveira Suzart, 45 anos, Maria Helena do Nascimento Bastos, 41, e sua filha, Mariana Bastos da Silva, 20 — foram mortas a facadas no dia 15 de agosto, enquanto caminhavam com um cachorro pela orla. O animal foi encontrado amarrado em uma árvore, a poucos metros dos corpos. Fotos: Redes Sociais
DNA negativo complica versão da polícia
Dias depois do crime, a Polícia Civil prendeu Thierry Lima da Silva, 23 anos, que confessou o triplo homicídio durante audiência de custódia. No entanto, a versão oficial esbarra em uma inconsistência grave: o DNA de Thierry não foi encontrado nos corpos das vítimas nem nas três facas recolhidas como prováveis armas do crime. Foto: Reprodução
As análises foram realizadas no Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Salvador, e os laudos já haviam descartado, em um primeiro momento, que as vítimas tivessem sofrido violência sexual. Além disso, apontaram ausência de material genético de quatro pessoas (três homens e uma mulher) tanto nas vítimas quanto no local das mortes.
Um novo exame, realizado após a prisão de Thierry, e divulgado na última quinta-feira (11), reforçou o mesmo resultado: nenhum vestígio genético do suspeito foi encontrado. As informações foram divulgadas numa reportagem do Correio24h.
Fragilidades na dinâmica do crime
Apesar da confissão, a dinâmica apresentada por Thierry é vista com desconfiança. Ele afirmou ter agido sozinho, armado apenas com uma faca, e disse que a intenção inicial era cometer um assalto. Uma das mulheres teria sido abordada, e as outras duas, ao tentarem intervir, acabaram esfaqueadas. Para especialistas, a narrativa é pouco convincente. “É pouco plausível que um homem só, armado apenas com uma faca, consiga matar três mulheres sem que nenhuma conseguisse fugir, pedir socorro ou mesmo feri-lo seriamente”, avaliou um perito ouvido pelo Correio24h.
Alexsandra e Maria Helena eram vizinhas e atuavam como educadoras da rede municipal de Ilhéus. Mariana, filha de Maria Helena, cursava Engenharia Ambiental e acompanhava a mãe e a amiga no passeio. As três residiam em condomínios próximos à praia, onde costumavam caminhar.
A ausência de provas materiais contra Thierry e a dificuldade em reconstituir a cena do crime mantêm o caso envolto em dúvidas. Para familiares e moradores da cidade, a expectativa é que novas diligências e laudos técnicos tragam clareza a uma tragédia que abalou não apenas Ilhéus, mas toda a Bahia. (Correio)